sábado, 24 de setembro de 2016

A PISCINA







                Estava ali
               azul, convidativa.
               e a envolveu,mortal.


                Maria Neusa em 24 de setembro de 2016






Festa verdejante

         





                                               Fora e dentro de mim

                 tingindo tudo de verde

                 a chuva faz festa.

                                             Fora e dentro de mim
                  a esperança sorri
                
                  perfumando meus sonhos.


Maria Neusa em 24 de setembro de 2016- reescrito por minha absoluta necessidade.

sábado, 17 de setembro de 2016

Espelho,espelho meu.

      




            Menino loiro e risonho.Carinhoso:mãe,você é tão fofinha,parece um travesseirinho.
            De bem com a vida,curtindo praia e montanha..casa de avó,sítio de avô.
            Adolescente rebelde,questionador: por que não posso sair com meus amigos?Só por
            que é quase meia noite? Todo mundo vai...você está destruindo minha vida...
             Dramático: não volto mais pra casa quando sair pra fazer faculdade.
             E um dia,aos 17 anos ele saiu.Ela suspirou...será que ele volta? Voltou nas primeiras
             férias. E por mais dois ou três anos as brigas eram frequentes.Espelho ,espelho meu,
             Ela se via nele,na sua braveza,no seu senso de justiça,na sua lealdade com os amigos,
             na sua gentileza: flores para minha fisioterapeuta,que sempre tem horário pra mim.
             E o Tempo trouxe sabedoria a Ela,que agora o escuta e às vezes tenta argumentar,mas
             o clima não esquenta mais por que Ela recua e o deixa ser.
             Há sete meses ele é pai.Presente,carinhoso,firme e feliz.
              Ela o sente mais próximo.Seriam os cabelos brancos que já enfeitam suas têmporas?
              E Ela sorri...Tempo...Tempo...grata por ter o filho de volta,com norinha e neto -presentes
              coloridos,frágeis,amados.O caminho que escolheram trilhar exige coragem,determina
              ção,desapego.Ela os abençoa.E se reconhece neles.


Maria Neusa em 17 de setembro de 2016.
            




sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O REAL E O IMAGINÁRIO

  


            OTSU TEM 12 ANOS.MAGRA,QUASE ESQUELÉTICA.QUASE
            CEGA.
            TODA MANHÃ,ANTES DE IR TOMAR SEU CAFÉ,ELA CHAMA:
             - VEM CÁ,BRANQUINHA...VOCÊ TEM ÁGUA,TEM COMIDA?
             OTSU SE ENCOSTA NELA E RECEBE UMA CARINHO NA CABEÇA.
             ELA SE LEMBRA DA SUA CHEGADA,RECÉM COMPRADA,COM
             QUATRO MESES.TODA ALEGRE E SALTITANTE.
             ELA SE AFASTA,TAMBÉM TRÔPEGA,TAMBÉM VELHA,
             TAMBÉM SÓ.Á ESPERA DO CARINHO DA NETA:DORMIU
              BEM, VOVÓ.

      MARIA NEUSA EM 15 DE SETEMBRO DE 2016

sábado, 10 de setembro de 2016

              

 NADA DE EXIBIÇÃO



        "Ele é um sujeito tímido.A vida o ensinou a não exibir o que lhe é mais caro."
Ela está lendo "as aventuras de PI" de  Yann Martel e se reconheceu nessa
frase.Então é por isso que o sentimento motor da sua vida fica escondido
no lugar mais inacessível,dentro dela: a amorosidade.Disfarçadamente Ela
a vai distribuindo aos objetos,aos animais,às pessoas.E a si mesma,sempre.   


MARIA NEUSA     

sexta-feira, 9 de setembro de 2016




                                      QUEM SOU EU

  

                   Um rosto.Um riso aberto.
Uma lágrima discreta.
Um cansaço,às vezes.
Uma fúria,quase sempre.
Me desconheço.Me procuro.
E quando me acho,
me acolho.

Maria Neusa em março de 2014

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

            

                                                   DESFEITO

         não sei de que país distante
         eu possa te ver chegar
         não sei mais quanto te amo
         se antes ou nunca mais
         não sei de mim o resto de nós
         poeta sem palavra nem voz
         a morte que tua falta faz.

                            -Márcio Alves in Agenda da tribo -2016


      Para  JOÃO N.COTI

                                 NÓ FEITO

   O amor nos enlaçou e nos emudeceu
   só olhares e gestos
   falaram tanto.
   Quarenta e sete anos depois
   o que não foi dói.
   Ferida aberta.

Maria Neusa em 7 de setembro de 2016